De resto eu não sonho, eu não vivo; sonho a vida real. Todas as naus são naus de sonho logo que esteja em nós o poder de as sonhar. O que mata o sonhador é não viver quando sonha; o que fere o agente é não sonhar quando vive. Eu fundi numa cor uma de felicidade a beleza do sonho e a realidade da vida. Por mais que possuamos um sonho nunca se possui um sonho tanto como se possui o lenço que se tem na algibeira, ou, se quisermos, como se possui a nossa própria carne. Por mais que se viva a vida plena, desmesurada e triunfante ação, nunca desaparecem o contato com os outros, o tropeçar em obstáculos, ainda que mínimos, o sentir o tempo decorrer.
Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.
O Universo, a Vida, seja isso real ou ilusão- é de todos, todos podem ver o que eu vejo, e possuir o que eu possuo- ou pelo menos, pode conceber-se vendo e possuindo.
Mas o que eu sonho ninguém pode ver senão eu, ninguém a não ser eu possuir. E se do mundo exterior o meu vê-lo difere do que os outros o vêem, isso vem de que do sonho meu eu ponho em vê-lo, sem querer, do que sonho meu se cola a meus olhos e ouvidos.
(Fernando Pessoa- Livro do desassossego)
... para provocar e inquietar a alma....
(Tarcila Albuquerque)
Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.
O Universo, a Vida, seja isso real ou ilusão- é de todos, todos podem ver o que eu vejo, e possuir o que eu possuo- ou pelo menos, pode conceber-se vendo e possuindo.
Mas o que eu sonho ninguém pode ver senão eu, ninguém a não ser eu possuir. E se do mundo exterior o meu vê-lo difere do que os outros o vêem, isso vem de que do sonho meu eu ponho em vê-lo, sem querer, do que sonho meu se cola a meus olhos e ouvidos.
(Fernando Pessoa- Livro do desassossego)
... para provocar e inquietar a alma....
(Tarcila Albuquerque)
Alma provocada e inquietada!
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